sábado, 31 de maio de 2014

A EXPERIÊNCIA

Ele chegou para o Joca, botou a mão no bolso e disse: “ - Pega este dinheiro e vai te divertir. Que sábado à noite todo homem precisa de uma mulher!” E o Joca ainda não tinha completado 15 anos. Ele voltou a dizer: “ - ali tem a Casa Verde. Vai lá e procura uma mulher chamada Marli. Diz que fui eu quem mandou. Ela é bonita, gostosa e sabe das coisas.

Mal caiu o sol, o Joca vestiu um roupa boa e avisou a mãe que ia na casa do Flávio, ler uns gibis da sua coleção junto com outros amigos. Foi. Mas foi para a Casa Verde. Já era noite. Envergonhado, de passo curto, chegou. Abriu a porta e levou um choque com as luzes coloridas que enfeitavam o salão. Respirou fundo e sentiu um gosto de pecado na boca. As mãos estavam frias, molhadas de suor. A música, um bolero, tocava alto, que doía nos ouvidos. Os homens bebiam, dançavam e conversavam animados com as mulheres. O ambiente estava alegre e festivo. Veio uma velha de vestido longo muito vermelho até ele e disse: “ - menino!! Aqui só entra gente maior de idade. Se a polícia aparece é incomodação na certa. Ela pode fechar a minha casa!” “ - Mas foi o Sananduva quem me mandou. Queria falar com a Marli!” - Disse o Joca.

“ - Se foi o Sananduva quem te mandou, então pode ficar. Vem comigo.” Foram até uma salinha com um sofá, mandou ele sentar e saiu. Logo entrou uma mulher alta, enorme, um mulherão de longos cabelos pretos toda sorridente. Muito jeitosa pediu para o Joca levantar. Ficou com o rosto na altura dos peitos da Marli, que o abraçou bem apertado, que lhe deu um calor estranho que vinha de dentro, como se feito na alma, que revirou seus intestinos. Depois ela falou com um sorriso sacana desenhado no rosto: “ - trouxe dinheiro, meu machinho? Que aqui o amor é pago. Vai aprendendo desde já, benzinho, que nesta vida não existe amor gratuito!”

Entraram no quarto que tinha no ar um perfume adocicado e ela tirou a roupa. Tinha a pele muito clara e uma pentelheira escura que parecia uma farta peruca crespa. Tímido, o Joca parou em pé na frente da Marli. Ela sentou na cama, segurou-lhe pela cintura e o puxou para perto de si. Desabotoou a camisa, baixou a calça, olhou admirada, de alto a baixo o corpo do menino: “ - gosto tanto quando pego um franguinho! Vou ser tua madrinha, sabe? Põe o dinheiro na mesinha!” - Falou.

Abriu as pernas e deitou o Joca sobre si, como se ele fosse uma criança. Acariciou suas costas, suas pernas e seu rosto. Passou os dedos nos seus lábios e mexeu nos seus cabelos. Com a mão direita ajeitou ele dentro daquela fenda quente e úmida. O Joca ficou com o rosto entre as tetas enormes, meio molengas da Marli.

Ela falou macio, tão bom de ouvir, pressionando e afrouxando as mãos sobre as coxas do Joca: “ - primeiro para baixo, agora para cima, para baixo, para cima. Assim! Isso! Continua! Assim, bem assim. Está aprendendo rápido meu machinho! Não para, porque está ficando bom. Aiii, como está gostoso. Vem queridinho, rápido, mais rápido, faz agora com bastante força, assim, assim, não para.” e deu um longo suspiro. Ela suspirou apertando o Joca, comprimindo ele inteiro contra o seu corpo. Imediatamente a Marli sentindo que chegava a vez dele aumentou o ritmo do vaivém, até que o Joca começou a tremer e uma espécie de arrepio, ou fosse lá o que fosse aquilo, tomou conta do seu ser. Assoprou um gemido longo e fino, e terminou.

Ela saiu da cama com uma das mãos entre as pernas, sentou numa bacia grande de alumínio com água pela metade. Lavou a parte usada que secou com um paninho branco felpudo e se vestiu. O Joca já estava arrumado. Antes de saírem ela deu um beijo demorado na boca do guri: “ - nunca beijo cliente meu. Só o meu macho. Mas tu é tão bonitinho!”

A seguir, ela pegou o dinheiro de cima da mesinha e enfiou no bolso da calça do Joca: “ - guarda, para passear com a tua namoradinha . Já tem uma menina que tu gosta, não é menino? Só vou te cobrar da próxima vez em diante. Vai lá e mostra para ela que agora tu já sabe lidar com uma mulher! Usa teu conhecimento, que experiência deste tipo, não é coisa para ficar guardada!”

A noite estava clara e a lua era a mais linda que já nasceu. O Joca chegou em casa. A mãe examinou de longe sua fisionomia: “ - estás diferente. Parece que pegaste pose de homem. Na casa do Flávio lendo gibi é que tu não estavas!”

Foi dormir com o dinheiro embaixo do travesseiro. Amanhã, domingo, convidaria a Giovana para passear no parque de diversões: andar na roda-gigante, girar com o cavalinhos do carrossel. Ia ser tão bom passear ao lado da Giovana, segurando a mão dela, comendo maçã do amor.

E, também, precisava contar tudo para o Sananduva. Sem dizer que teria que encontrar uma maneira, com urgência, de repassar toda aquela experiência para a Giovana.

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