quinta-feira, 1 de maio de 2014

MULHER

Sou um observador atento do ser humano e me interesso pelas pessoas. Inquietações, sorrisos, alegrias e tristezas, o que vai pelas almas é coisa que prende minha atenção. Mais das mulheres que dos homens; que nós homens somos previsíveis e simplórios, não fugimos do padrão.

Sei o que quer dizer um sorriso forçado da esposa ao lado de seu companheiro. Leio com precisão a expressão de enfado no rosto de uma mulher. Basta o jeito com um dos dedos da mão, um menear de cabeça, uma palavra fora de ordem, uma maneira de fazer com os lábios, uma discreta ruguinha feita às pressas no canto da boca, uma falta de luz no olhar, e sei dizer a quantas anda o casamento. Posso falar do seu passado. Geralmente, relacionamento com mais de dez anos é um livro aberto que mostra o grau da rotina, o tamanho do desgaste, o nível de frustração dos envolvidos.

Mas quem é feliz no casamento? Depois de um certo tempo de união, quando os filhos já estão crescidos, quem não está frustrado dentro desta antiga instituição? Quantos projetos pessoais foram abortados em nome da vida a dois? Quantas viagens não foram feitas? Quantas amizades importantes deixaram de acontecer? Quantas realizações profissionais não aconteceram? Quantas mulheres inteligentes deixaram de brilhar, para serem apenas esposas nesta vida?

Quando vejo uma mulher infeliz, sei que o peso do longo e desgastado relacionamento está pesando e ferindo como uma canga, que pesa e fere o pescoço do escravo que a carrega. Sei que não está realizada; que lhe falta o prazer de estar lutando. Lhe dói a renúncia por não estar afiando seus talentos. Está achando muito pouco ser reconhecida apenas por sujeitar-se obediente ao jugo e as exigências rotineiras do contrato matrimonial.

Buscar a independência pessoal, intelectual e profissional, mais que um direito, é um dever de todos nós. Então, com é que deve sentir-se, nos dias atuais, uma mulher de forno e fogão, envolvida tão somente pelos afazeres do lar? Que passa pela cabeça daquela mulher que se deixou transformar numa bonequinha de luxo, exibida como um troféu pelo maridão, bem-vestida e bem-comportada, em festas e coquetéis? Com certeza, se não for uma aventureira, da vida, ela quer e espera muito mais?

Após mais de uma década metida num casamento enfadonho, a mulher dá mostras de fastio. Está se travando no seu íntimo uma batalha em busca da sua realização. Realização esta que o casamento já não mais lhe fornece, apenas lhe empresta um retalho de satisfação por um prazo determinado. Daí, que basta ver as estatísticas de separações e divórcios vindos por iniciativa feminina. E outra: estão casando mais tarde, as mulheres. As casadoiras agora, primeiro estudam, se qualificam, colocam-se bem na vida, para só então abrir a possibilidade de enfrentar uma vida conjugal. Entretanto, o homem escolhido por esta mulher não pode ser um qualquer. Ele não estará casando com uma simples dona de casa, e sim, com uma pessoa igual ou melhor do que ele, com um nível de exigência, muito acima daquilo que o homem antigo está acostumado.

Claro que existe alguma exceção, mas tenho notado que mulheres mais felizes são as solteiras, as divorciadas e as viúvas. E estas, estão correndo atrás dos seus sonhos, dos seus ideias ainda não conquistados, e quando sorriem, brota uma claridade verdadeira de dentro das suas pessoas. Estão livres. Estão indo em frente. Não devem satisfação para nenhum chefe fantasiado de marido.

Em geral andam muito tristes e queixosas as mulheres casadas. Existe uma falta, uma frustração nos seus olhares que em silêncio dizem tudo. Por conta disso está havendo um redesenho nas novas uniões e uma reluzente mudança no conceito sólido que se tem a respeito da família, consequência direta dos desafios que a mulher moderna resolveu enfrentar, agravado pelo encolhimento do homem, que assustado, sentou num canto qualquer, perplexo, sem entender o que está acontecendo. Aquela típica, tradicional, resignada, dócil e antiga esposa está desaparecendo, para dar lugar a esta outra que grita por liberdade, e como uma leoa vem abrindo passagem.

Todas as mulheres que foram à luta, estão tirando os lugares dos homens, na política, no jornalismo, nos tribunais, na área da saúde, nos altos cargos das grandes empresas e como dona dos seus próprios negócios. Merecem. Aliás merecemos, ou melhor, precisamos que elas todas cheguem lá nas alturas de todas as atividade humanas, afinal são elas, as mulheres, mais competentes, mais sensíveis, mais dinâmicas, mais compenetradas, e quiçá, mais honestas que esse macharedo que anda por aí, mandando e demandando neste vasto mundão.

Senhoras, libertai-vos. Ainda é tempo. Moças: namorem e estudem e conquistem seus ideias. Vocês que são os únicos doces, as mais lindas flores da criação, não podem, nenhuma, aceitar ser somente um colorido pássaro de cativeiro.

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